Esta é uma história real que teve um final feliz. Jessica, aluna nova na escola, veio compor a turma de Projeto Acelera 1A, devido a sua defasagem ano/idade, trazendo não só a necessidade de atendimento pedagógico diferenciado, mas também emocional, devido às particularidades familiares, que a maioria dos alunos do projeto apresenta. Só que logo após o início do ano letivo, alguns colegas de outra turma começaram a rejeitá-la, criando rótulos de acordo com suas características físicas, e num encontro no banheiro, as meninas da outra turma a chamaram de “Preta Gil”. Sem conhecer o grupo de alunas, pediu ajuda de uma colega da turma para defendê-la. O clima esquentou! Houve discussão e ofensas, mas o assunto ficou por lá mesmo. Alguns dias passaram e a professora da turma notou a aluna mais calada e triste, e ao ser perguntado o que estava acontecendo, ela começou a chorar dizendo que não aguentava mais ser chamada “daquele nome”. Então, os outros alunos contaram o início da história. Jessica já estava sendo chamada de “Preta Gil” até por outros alunos menores, que nem estavam envolvidos no evento inicial. A professora, que já havia trabalhado o tema identidade, valorização do nome e a história de cada um, teve uma conversa com a turma a fim de minimizar a situação, afinal, não temos nada contra a artista Preta Gil, mas a aluna fez questão de dizer que gostava do nome dela e não queria ser chamada pelo nome de outra pessoa, sabia que era negra, mas não queria ser chamada de preta. Percebendo que a história poderia se transformar num caso de bullying devido ao sofrimento demonstrado pela aluna, a professora resolveu intervir de outra forma: foi até a turma que iniciou o caso e conversou com eles sobre as palavras preconceito e bullying, pediu para que os alunos apresentassem uma solução para resolver a questão provocada por eles, e deu um prazo de três dias para a entrega da decisão por escrito. Os alunos da turma ficaram preocupados, fizeram uma reunião, escolheram um representante para escrever o documento e pediram a professora da turma para corrigir e passaram a limpo. No dia combinado, o grupo levou o documento até a sala da aluna Jessica, e apresentaram para a professora que leu em voz alta para a turma. Firmaram ali um compromisso. O documento foi para o mural de mensagens e nunca mais Jessica foi chamada “daquele nome”.